terça-feira, 19 de julho de 2011

Olá, Transhumano!

Há um novo termo no mundo tecnológico que tem tudo para ganhar espaço e gerar um novo enfoque sobre como usamos as ferramentas e avanços modernos. Transhumanismo, ou simplesmente H+. A idéia é bem simples - é nossa busca por aumentar nossas virtudes humanas. Por exemplo, usar a Internet para aumentar nossa base de conhecimento (talvez até mesmo sabedoria) unindo nossa memória e aprendizado ao mouse... ou ao touchscreen do smartphone ou iPad.

Se bem que isso seria a pré-história do transhumanismo. Um texto do Discovery dá uma boa idéia do que engloba o novo termo. Hoje, a tecnologia influencia aspectos sociais, legais e de comunicação. Cientistas conectados e com computadores mais poderosos e condições de deixar novidades mais baratas estão decodificando o genoma, criando novas drogas que aumentam a expectativa de vida, tentando resolver o problema da superpopulação nos centros urbanos, etc. Tudo é transhumano. Tudo nos influencia. Basta que usemos esses avanços em benefício de uma daquelas questões primordiais: "Como eu posso ser uma pessoa melhor?"

Eu gosto de pensar nisso como a última fronteira da tecnologia digital no paradigma que conhecemos. Já transformamos o comércio em algo digital, criamos produtos intangíveis, automatizamos nossas relações no Orkut, Facebook e Twitter... agora, é hora de testar as fronteiras que estão dentro de nós - cognição, físico, sentidos. Humanos 3.0, se gostar do termo...

Quando um paraplégico usa um piercing na língua com sensores para se movimentar, isso é ser transhumano.

Quando outro estudante paraplégico usa um exoesqueleto para subir ao palco e receber um diploma, isso também é H+.

É claro que isso pode trazer novidades que são assustadoras para nossa compreensão de hoje. Um cineasta com uma câmera no lugar do olho não seria algo normal para os padrões atuais. É isso que Rob Spence, cego, quer fazer. Seu projeto http://eyeborgproject.com/ é bem interessante. E ter um olho biônico está cada dia mais próximo.

E que tal encomendar órgãos para transplante feitos em impressoras?

Ou viver além dos 100 anos? Não é sonho, é algo que o avanço na medicina pode prover se mantida a tendência de controlar doenças e envelhecimento. Pode até ir mais longe. Que tal ser imortal?


Assustador? Se no tempo das Cruzadas vc ousasse dizer que poderíamos conversar com uma pessoa do outro lado do mundo isso tb não assustaria? Se falasse que viver 80 anos seria normal... que poderíamos voar... conhecer as estrelas...

OK... fui muito longe nas Cruzadas. Muitos desses avanços do transhumanismo estão aí na nossa cara. O filme Transcendent Man, que foi lançado recentemente nos EUA, irá trazer tudo isso de forma mais palatável. Espero que venha logo para o Brasil e não seja com um título ridículo como "Futuro Muito Louco". :)

E no embalo desses avanços, a sociedade muda.

Se vivermos até 100 anos e nossa vida produtiva for até 70... qtas novas vagas de trabalho precisam ser criadas? Um atleta com perna biônica pode competir nas olimpíadas? Braços artificiais podem dirigir um carro ou operar uma empilhadeira? Robôs humanóides que cuidam de idosos podem andar nas calçadas? Pessoas com implantes biomecanóides ainda são pessoas? Que provas os professores podem dar a alunos com chips no cérebro?

Já temos à nossa disposição muita coisa para sermos ciborgues.

O que faz de nós humanos?

Você está preparado para conviver com os humanos aprimorados?

Isso não deveria te assustar. A Internet já muda muita coisa em nós humanos. Podem ser coisas boas ou ruins. Depende de como nos apropriamos da tecnologia em benefício próprio.

Ser transhumano é tirar o melhor proveito disso. Sem deslumbramentos. Apenas usando tudo para sermos (sei lá o q) melhores. Pq esse é afinal um objetivo de vida digno.Ou estamos vivos apenas para virar adubo? E já nos aproveitamos da tecnologia há muito tempo. Ser transhumano não é novidade. E vc não vai querer ser encarado como algo esquisito só pq vc não é um humano ampliado.

sábado, 18 de junho de 2011

Protestos e redes sociais

Nessa semana, enquanto muita gente babava na foto do casal se beijando no quebra-quebra em Vancouver por causa de uma partida de hóquei na qual o time local perdeu vexatoriamente... eu fiquei pensando no Egito... é... lembra aqueles protestos por lá?

Há alguns meses temos visto populações saindo às ruas no Norte da África e Mundo Árabe para protestarem contra governos. Esse povo tinha um motivo comum – afastar seus governantes – e uma boa arma na mão – o poder de engajamento e comunicação das redes sociais.
Opa! Não vou aqui falar que foi o Facebook e o Twitter que fizeram os protestos.

Esse determinismo tecnológico é da pior espécie.

É como se a Xerox dissesse que as fotocopiadoras é que faziam as pessoas saírem em passeatas nos anos 70 e 80...

Ou as fabricantes de mimeógrafos fossem as responsáveis pelos protestos estudantis dos anos 60...

Ou as gráficas se vangloriassem de serem as responsáveis pelo sucesso do catolicismo só pq imprimem imagens de santos em papéis...

Nem o fundador do Facebook acredita nisso.

Esse povo saiu às ruas pq os governos eram ruins e havia pressão econômica. Em todos os países havia corrupção alta, muito alta mesmo. Faltavam empregos e não se achava comida no supermercado. Não estou falando de iogurte ou café com aroma de baunilha... faltava farinha, óleo, arroz, legumes.

Outros países com dificuldades financeiras e governos contestáveis viveram o mesmo em algum momento.
Espanha e
Grécia foram os mais famosos.
Irlanda,
Itália e
Portugal viveram algo pontual também.

Podem esperar. Vai haver mais disso. É só ficar de olho no noticiário. Onde houver governo que perde a legitimidade, falta de comida, desemprego... haverá povo na rua. E, com smartphones na mão.

Muitas fotos tiradas com o Instagr.am, notícias no Twitter, convite para protestos no Facebook, etc.

As redes sociais ajudam na união dos interesses e na comunicação imediata. Mas, não criam protestos. São um meio, lembra? Nem são uma benção tecnológica que libertará o mundo da opressão. Podem, inclusive serem usadas para tal.

Não foi o Facebook ou o Twitter que fizeram algo. Foram a insatisfação e a economia que fizeram todos esses protestos. Até pq quando essas redes foram bloqueadas no Egito, no auge da confusão por lá, os manifestantes usaram fax, ondas curtas e panfletos para se comunicarem.
As redes são boas.

Só que também são neutras.

No quebra-quebra de Vancouver, as redes foram usadas pelos arruaceiros para se vangloriarem de cada viatura policial virada, cada carro incendiado e cada loja invadida e depredada.
Na Internet, o sucesso foi o beijo do casal.

Foi esquecido o uso das redes sociais para promover a patifaria, o vandalismo e o crime. Os supostos especialistas em tecnologia que falavam muito durante os protestos do Egito sumiram.
Esqueceram disso. Não se importaram...

Vai ver que as redes sociais não são tão neutras assim.

... então, vamos protestar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Realidade reprogramável

O que significam os novos materiais para o futuro da tecnologia?

Olhe ao seu redor e responda. Um telefone preto é um telefone preto, um abajur é um abajur, uma cadeira é uma cadeira sempre? Sim - dirá você... provavelmente com uma insinuação não muito elogiosa à minha pergunta.

E se eu dissesse pra vc que as coisas são assim pq são assim? OK... mais sutis espinafradas...

E se eu dissesse que as coisas são assim pq não se inventou nada melhor do que isso?... ainda.

Tudo na vida é passageiro. Não é esse o ditado?

E há muita coisa sendo desenvolvida por aí que realmente quer fazer o dito valer na realidade. Querem reprogramar o mundo. Transformar radicalmente as coisas como elas são.

Por exemplo. Há um grupo de cientistas trabalhando no conceito de Claytronics para que tudo em nossa volta seja matéria programável e mutável. Assim, um telefone pode ser também um laptop. Veja o video abaixo



Incrível.

Mas, não quero me deter no conceito de Claytronics. É fácil achar referências sobre isso na Web se vc ficou curioso demais com isso.

O que eu quero alertar é para a mudança radical que pode ocorrer se houver inovação nos materiais, conceitos e processos. Se as coisas começarem a ser produzidas com nanorobôs em vez de plástico e aço inerte, o mundo a sua volta muda completamente. E essa não é a única coisa que pode deixar vc de boca aberta.

O próprio Claytronics, que parece uma viagem na maionese, conta com vários protótipos criados pelos pesquisadores da Carnegie Mellon University. Há também tintas que mudam de cor de acordo com os spins (algo que pode ser programável e não apenas como os brinquedos que precisam molhar para trocar a cor). Há o vidro mais forte do que o aço. Há o grafeno para novos chips de computador e mesmo uma chance de ser fazer um computador quântico, no qual os bits zero e um são zero e um ao mesmo tempo.

Há realmente muita coisa sendo criada. Procure por "new materials" por aí. Se esses novos materiais conseguirem produção suficientemente barata e em grande volume, podemos esperar mudanças radicais de uma hora pra outra. Algo parecido com as indústrias de papel e celulose terem de conviver com a Microsoft, Facebook, Apple e Google como concorrentes.... e vc começar a achar legal ler um jornal numa telinha que cabe na mochila.

Só que no caso dessa mudança que citei, houve uma digitalização do que era conhecido. Os novos materiais vão promover a qualquercoizalização do que conhecemos. Não dá pra definir um termo pq nem sabemos o que irá ocorrer. Poderia ser a claytronização, por exemplo.

Negócios surgem onde jamais se imaginava. Que tal uma granja de termoplásticos? Que tal uma limpadora de água contaminada com radiação que funciona com resíduos da fábrica de sopa de ostra? Ou uma construtora de estradas e geradora de energia?

Ainda não dá pra saber o que pode dar certo de tudo isso. Mas, é bom vc se acostumar a olhar o telefone preto da sua mesa todo dia e se perguntar: isso ainda é um telefone?

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